21 de novembro de 2024
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Boletim Agropecuário de junho aponta alta dos preços de trigo e queda nos de milho e feijão

COMÉRCIO

Análise de mercado é realizada mensalmente pela Epagri/Cepa

Dentre os principais grãos produzidos em Santa Catarina em maio, o trigo foi o único a registrar alta nos preços: elevação de 4,48% nas cotações no mercado catarinense, fechando o mês em R$98,82 a saca de 60kg. Já as cotações do milho recuaram 10,9% e o preço médio do feijão-carioca foi 9,5% inferior ao recebido pelos produtores do Estado em abril. Esses números estão no Boletim Agropecuário de junho, documento elaborado mensalmente pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina/ Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) com a análise econômica das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.

Trigo

No mês de maio, as cotações de trigo no mercado catarinense tiveram variação positiva de 4,48%, fechando em R$98,82/sc de 60kg. Na comparação anual, observa-se, em termos nominais, que os preços cobrados em maio deste ano estão 15,27% acima daqueles registrados em maio de 2021. Nos primeiros onze dias de junho, o preço médio do trigo já está em R$114,44/sc de 60kg.

A nova safra se inicia em meio a um cenário de incertezas. Problemas no abastecimento de fertilizantes geraram significativos aumentos de preço. Por outro lado, o cenário internacional de menor oferta, em função de problemas com a safra do hemisfério norte (invasão da Ucrânia pela Rússia e condições climáticas adversas nos Estados Unidos) e restrições de exportação adotadas em alguns países, abre uma janela de oportunidade e expectativa de bons preços na comercialização da nova safra de trigo.

Feijão

O preço médio do feijão-carioca no mês de maio foi 9,5% inferior ao recebido pelos produtores catarinenses no mês anterior, fechando a média mensal em R$318,00/sc de 60kg.  Para o feijão-preto, os preços tiveram forte variação negativa de 16,7% no último mês, fechando a média de maio em R$208,2/sc de 60kg. O comportamento altista registrado para os preços do feijão-carioca se deve aos problemas climáticos que afetaram a primeira safra, diminuindo a oferta do produto. Na segunda safra, o excesso de chuvas nas fases de maturação e colheita está comprometendo a qualidade e reduzindo a oferta do produto.

Em relação ao feijão total (feijão total é a soma da safra de feijão 1ª e feijão 2ª) para a temporada 2021/22, estimativas da Epagri/Cepa apontam que Santa Catarina deve atingir aproximadamente 67 mil hectares de feijão, o que representa um aumento de 12% em relação à safra anterior. A produtividade média também deverá crescer, ficando em 1.589kg/ha, um aumento de 9% em relação à do ano anterior. Mesmo com um ano agrícola muito prejudicado por condições climáticas extremas, o aumento na produção total deverá ficar em torno de 22%.

Milho

Após registrarem valor médio mensal recorde em fevereiro, cerca de R$100,00/sc, as cotações recuam 10,9% até maio. O principal fundamento que está orientando os preços no período é a expectativa da boa segunda safra nacional, com maior oferta no mercado interno. O custo de produção referencial para a produção de milho entre abril de 2021 e abril de 2022 (alta tecnologia) apresentou um aumento significativo, que chegou a 48%. O item insumos foi o que apresentou maior elevação de 65,3%.

Soja

Os preços apresentaram fortes oscilações nos últimos três meses. Após níveis recordes em março acima de R$200,00/sc, as cotações recuam em abril com a expectativa de maior produção nos EUA. No cenário mundial, a projeção para produção das oleaginosas em 2022/23 está prevista em quase 647 milhões de toneladas, conforme último relatório do USDA de junho. A redução prevista na produção de girassol na Ucrânia e de colza na União Europeia é que está influindo na redução das estimativas globais.

Bovinos

Na primeira quinzena de junho, os preços médios do boi gordo em Santa Catarina se mantiveram estáveis, com alta de apenas 0,1% em relação ao mês anterior. No restante do país observa-se predominância de quedas, decorrentes do aumento na oferta de animais prontos para o abate e da demanda estagnada em decorrência da conjuntura econômica desfavorável vivenciada no país.  Na comparação com junho de 2021, registra-se alta de 4,9% na média estadual.

No mercado atacadista também foram observadas altas nas primeiras semanas de junho em relação a maio: 0,4% na carne de dianteiro e 1,5% na carne de traseiro, com variação média de 0,9% nos dois tipos de cortes. No ano, acumula-se alta de 6,6% no preço de atacado da carne bovina.

Frango

Em maio, Santa Catarina exportou 81,69 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada), o que significa queda de 8,6% em relação ao mês anterior e de 9,1% na comparação com maio de 2021. As receitas foram de US$184,86 milhões, ou queda de 1,8% em relação ao mês anterior e alta de 17,9% na comparação com maio de 2021.

De janeiro a maio, Santa Catarina exportou 418,14 mil toneladas, com receitas de US$844,94 milhões, altas de 4,5% e 27,3%, respectivamente, na comparação com o mesmo período do ano passado. O estado foi responsável por 22,9% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango nos cinco meses iniciais do ano.

Suínos

Santa Catarina exportou 46,52 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em maio, quedas de 1,2% em relação ao mês anterior e de 8,4% na comparação com maio de 2021. As receitas foram de US$112,47 milhões, alta de 7,1% em relação ao mês anterior e queda de 14,7% na comparação com maio de 2021.

De janeiro a maio, o estado exportou 228,71 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$507,13 milhões, alta de 0,5% em quantidade, mas queda de 9,7% em valor na comparação com o mesmo período de 2021. Santa Catarina respondeu por 57,4% das receitas e por 56,1% do volume de carne suína exportada pelo Brasil neste ano.

Leite

Em junho o IBGE divulgou os resultados da Pesquisa Trimestral do Leite (PTL), com a quantidade de leite cru adquirida pelas indústrias inspecionadas no primeiro trimestre de 2022, por unidade da Federação. Não havia na história dessa pesquisa nenhum momento com queda na quantidade de leite adquirida em todas as principais unidades da federação produtoras de leite, como foi o caso do primeiro trimestre de 2022.

Os dados de produção dos meses mais recentes ainda não estão disponíveis, mas é improvável que esse quadro de oferta muito inferior à do mesmo período de 2021 tenha se alterado. Isso tem provocado elevações nos preços dos lácteos e nos preços recebidos pelos produtores de leite. Pelos levantamentos preliminares da Epagri/Cepa, o preço médio recebido pelos produtores catarinenses em junho deve ficar R$2,56/l, o maior valor nominal da série histórica da Epagri/Cepa. O preço a ser recebido pelos produtores em julho deverá ser bem superior ao de junho.

Maçã

Entre abril e maio de 2022 houve desvalorização nos preços da fruta de categoria em função do aumento da oferta e comercialização de frutas de menor qualidade. Nas classificadoras, encerrada a colheita da Fuji a expectativa é a desvalorização das cotações para escoamento das frutas menos resistentes ao armazenamento em câmaras frias. Nos cinco primeiros meses de 2022, as exportações brasileiras e catarinenses de maçãs apresentaram redução de cerca de 60% do volume comercializado e valor negociado em relação ao mesmo período de 2021.

Já as exportações brasileiras de suco de maçã apresentaram ampliação de cerca de 20% no volume comercializado e 40% no valor negociado, entre janeiro e maio de 2002 e 2021. O estado catarinense participou com 90% e aumentou a quantidade líquida exportada de suco em 12% do volume exportado e 31% no valor negociado de suco de maçã.  Com as atualizações nas estimativas para a safra 2021/22, espera-se uma redução de 13,6% na estimativa inicial de nov/21 em relação à estimativa de maio/22, devido aos efeitos da estiagem nos pomares. Em relação à safra anterior, estima-se redução de 4,5% na produção e 5%, na produtividade média.

Alho

A comercialização segue para a fase final, restando apenas 3% da produção estadual para ser comercializada, algo em torno de 500 toneladas. Neste momento, as atenções se voltam para as estimativas iniciais de produção para a safra 2022/23. Conforme o projeto safras da Epagri/Cepa, os números indicam redução de 22,96% na área plantada, saindo de 1.810ha para 1.472ha. Em maio foram importadas 13,43 mil toneladas de alho, aumento de 16,98% em relação ao mês de abril. Nos primeiros cinco meses o volume é de 63,43 mil toneladas, redução de 14,18% em relação ao mesmo período do ano passado.

Cebola

De acordo com as informações do Projeto Safras da Epagri/Cepa, a estimativa inicial para área plantada é de 17.554ha, aumento de 0,52% em relação à safra 2021/22, com produção esperada de pouco mais de 523 mil toneladas de produção e produtividade de 29.798kg por ha.  Em 2021, o País importou 116,96 mil toneladas de cebola, volume 40,85% menor que em 2020. Porém, de janeiro a maio de 2022, as importações já são de 116.363 toneladas.

Fonte: Epagri
Foto: Divulgação/ Epagri