Geadas não devem provocar impactos significativos nas culturas de inverno
CLIMA
Emater/RS-Ascar estima 134.975 hectares cultivados com canola no Estado
A variação intensa de temperatura, observada nas últimas semanas, causou estresse nas áreas cultivadas com canola e que estão em início de floração no Rio Grande do Sul. As lavouras em floração e enchimento de grãos situadas em áreas mais baixas foram afetadas por geadas, embora ainda não seja possível avaliar o dano com precisão. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nessa quinta-feira (22) pela Emater/RS-Ascar, prosseguiram os trabalhos de manejo, incluindo a pulverização de fungicidas e de inseticidas nas lavouras de canola semeadas no cedo, bem como a aplicação de herbicidas para o controle de ervas daninhas nas lavouras semeadas em período mais tardio. Para esta safra de inverno, a Emater/RS-Ascar projeta 134.975 hectares cultivados com canola no Estado, e a produtividade inicial está em 1.679 kg/ha.
Trigo – A ocorrência de geadas, seguida pelo aumento das temperaturas, proporcionou condições favoráveis para o desenvolvimento vegetativo das lavouras de trigo, em especial as semeadas no final da janela recomendada de plantio. No entanto, para as lavouras em fase reprodutiva, semeadas no início de junho, esse fenômeno climático pode ter causado danos que podem afetar o florescimento e a formação de grãos. A avaliação das consequências só poderá ser realizada quando as plantas atingirem o estágio de maturação. Das lavouras, 83% estão em desenvolvimento vegetativo e 17% em espigamento/florescimento. De maneira geral, a sanidade das lavouras de trigo é satisfatória. A área cultivada com trigo no RS, conforme dados da Emater/RS-Ascar, é de 1.312.488 hectares, e a produtividade prevista está em 3.100 kg/ha.
Aveia branca – A formação de geadas também foi favorável para o desenvolvimento vegetativo da aveia branca. Contudo, no Noroeste do Estado, onde parte das lavouras estão em estágios reprodutivos mais avançados, o fenômeno pode ter causado danos em algumas parcelas, como abortamento de flores, que resulta em número reduzido de sementes nas espigas. Porém, ainda não é possível avaliar se houve perda de produtividade. Já a partir do aumento das temperaturas, os produtores intensificaram o monitoramento para a detecção de insetos, especialmente pulgão. Para esta safra de aveia branca, a Emater/RS-Ascar estima uma área de 365.590 hectares para a produção de grãos, com produtividade média de 2.402 kg/ha.
Cevada – Algumas áreas pontuais semeadas no início da janela de plantio – em fase de floração – estão recebendo atenção especial dos produtores devido aos danos potenciais causados pelas geadas, ocorridas entre 12 e 14/08. Contudo, a expectativa nas regiões de maior produção permanece alinhada à projeção inicial, em especial nas lavouras semeadas no final da janela de plantio, que apresentam excelente desenvolvimento. A projeção de cultivo é de 34.429 hectares, e a produtividade de 3.245 kg/ha.
PASTAGENS E CRIAÇÕES
As pastagens de inverno demonstram um incremento no desempenho vegetativo em resposta às condições meteorológicas favoráveis. Porém, apesar da recuperação, a oferta de forragem ainda não atingiu níveis ideais. O campo nativo ainda apresenta qualidade e volume de forragem baixos, devido ao frio e à ocorrência de geadas em quase todo o Estado.
BOVINOCULTURA DE CORTE – O rebanho bovino ainda apresenta escore corporal ligeiramente abaixo do ideal, em decorrência da escassez de forragem, resultante do fraco desenvolvimento das pastagens de inverno. Em função de as matrizes estarem em fase de parição, a demanda por nutrição adequada aumentou, tornando indispensável continuar oferecendo suplementação energética, apesar do aumento na disponibilidade de forragem.
BOVINOCULTURA DE LEITE – As forrageiras apresentaram bom desenvolvimento, permitindo manejo e pastejo adequados para os bovinos de leite e mantendo a produtividade estável, especialmente em sistemas de produção à base de pasto. Foi necessária a suplementação com farelos e rações balanceadas no período. O estado corporal dos animais permaneceu estável, e a sanidade foi mantida com controle de parasitas. O clima seco favoreceu a qualidade do leite, e não há relatos de rejeição pelas indústrias. Não ocorreram problemas relacionados à contagem de células somáticas e contagem padrão em placas. O bem-estar dos animais foi beneficiado pelas temperaturas amenas, e a coleta de leite foi eficiente, sem interrupções.
APICULTURA – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, as condições do tempo favoreceram a movimentação das abelhas em busca de néctar e pólen. No município de Bagé, os produtores aproveitaram o tempo seco para acessar os apiários, realizando recuperação de caixas e de caixilhos e reposição de cera laminada. Na de Caxias do Sul, a escassez de flores reduziu a produção de néctar, inibindo a postura das rainhas e diminuindo a população de abelhas. Já na de Erechim, o florescimento das espécies cítricas e de outras plantas que oferecem néctar e pólen começou, mas o movimento das abelhas ainda está baixo, devido à redução nas populações das colmeias, consequência de um ano anterior desfavorável. Na de Porto Alegre, os apicultores que praticam apicultura migratória recolheram as colmeias, e a estimativa de queda na produtividade deve ficar entre 50% e 70%. Na de Santa Rosa, o tempo ensolarado e seco favoreceu a movimentação das abelhas, que aproveitaram a floração de canola e nabo para forrageamento. Na de Soledade, a escassez de floração, nesta época do ano, exige a adoção de alimentação artificial para evitar a perda de enxames.
Fonte: Emater-RS
Foto: Flickr